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 Jarros Nepenthes - lower, intermediate e upper - comparação 
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Mensagem Jarros Nepenthes - lower, intermediate e upper - comparação
Uma comparação.

Essa aí é uma suposta N. x mixta. Desisti por enquanto de identificar - já gastei muito tempo nisso, um dia volto às investigações.
A garota em questão está produzindo inferiores, intermediários e superiores simultaneamente. Uma boa hora de fazer umas fotos pra mostrar como isso acontece.

Escolhi 5 características:

1- Coloração do peristômio (sem discutir a forma)
2- Posição de inserção do "cabo" no jarro. (atrás, lado, frente).
3- Presença das alas (franjas)
4- Coloração da parede do ascídio.
5- Gavinha enrolando-se ou não.

Vale lembrar que esses caracteres são extremamente variáveis de espécie pra espécie! Escolhi essas pra exemplificar o fenômeno porque são mais notáveis no híbrido em questão.

Vamos lá:

Os três juntinhos:

Imagem
____________________________________________________________

Agora somente o LOWER:

Peristômio = vermelho forte:
Imagem

Inserção do "cabo" = Lateral
Imagem

Alas = Muitas!
Imagem

Parede do ascídio = Super rajada de vermelho com espaços esverdeados
Imagem

Gavinha = Não, cabo reto
Imagem

_____________________________________________________________________

UPPER

Peristômio = Quase todo verde-amarelado
Imagem

Inserção do "cabo" - posterior
Imagem

Alas - Não - ausente
Imagem

Coloração ascídio: Amarelado, pouquíssimo vermelho
Imagem

Gavinha = Presente e atuante!
Imagem

______________________________________________________________________

Agora o INTERMEDIATE
Analisemos:

Peristômio = Meio termo, puxando pro lower
Imagem

Inserção do Cabo = posterior, como em upper
Imagem

Alas = Pouquissimas, puxando pro upper, mas presentes como em lower.
Imagem

Coloração = Meio termo. Tem vermelho como em lower, mas as lacunas são amarelas, como em upper.
Imagem

Gavinha = finge que vai, como em upper, mais fica, como em lower.
Imagem
_________________________________________________________________________________________

Dá pra discutir mais coisas...

Legal não?!?

Abraços.

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SE CORRER A PLANTA PEGA, SE FICAR A PLANTA COME!

Eparema, plantinha desinformada....


02.08.2007(Qui)2:21
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Mensagem Re: Jarros Nepenthes - lower, intermediate e upper - compara
Nílber escreveu:
Uma comparação.

Essa aí é uma suposta N. x mixta. Desisti por enquanto de identificar - já gastei Muito tempo nisso. Um dia eu volto às investigações.

Eu arrisco um palpite: seria realmente um híbrido mais complexo, envolvendo a N. x mixta e a N. khasiana... Eu adquiri uma planta com essa identificação, vinda do Marcos Ono, só que ainda está muito pequena. Aguardo que ela fique maior e mais madura para poder comparar com essa sua!


A garota em questão está produzindo inferiores, intermediários e superiores simultaneamente. Boa hora de fazer umas fotos pra mostrar como isso acontece.

Escolhi 5 caracteristicas:

1- Coloração do peristômio (sem dicutir forma)
2- Posição de inserção do "cabo" no jarro. (trás, lado, frente).
3- Presença das alas (franjas)
4- Coloração da parede so ascídio.
5- Gavinha enrolando-se ou não.

Vale lenbrar que essas caracteres são extremamente varíaveis de especie pra espécie! Escolhi essas pra exemplificar o fenomeno porque são notáveis no híbrido em questão.

Realmente bem escolhidos esses caracteres para comparação! Bem observado! Eu também teria escolhido da mesma forma!


Vamos lá:

Os três juntinhos:___________________________________________________________

Agora somente o LOWER:

Peristômio = vermelho forte:

Geralmente é mais colorido nas outras espécies também.


Inserção do "cabo" = Lateral

Interessante essa característica, a qual eu estou já observando há meses nas minhas aqui. E percebi que isso pode ser particular em cada espécie.


Alas = Muitas!

Algumas espécies não tem nenhuma, como a N. ventricosa. Bem observado, pois na maioria são mais fartas nos "lower".


Parede do ascídio = Super rajada de vermelho com espaços esverdeados

Sempre bem mais colorida...


Gavinha = Não, cabo reto

Os "lower" são usados pela planta no chão, ou próximos do chão. Então, não desenvolvem a capacidade de se enrolar até em pingo d'água como nos "upper"...
_____________________________________________________________________

UPPER

Peristômio = Quase todo verde-amarelado
Inserção do "cabo" - posterior
Alas - Não - ausente
Coloração ascídio: Amarelado, pouquissimo vermelho
Gavinha = Presente e atuante!

De fato, os "upper" são menos coloridos no geral, e ligeiramente mais alongados, na maioria das outras espécies, sendo que em algumas essa diferenciação é bem radical, como na N. rafflesiana.

______________________________________________________________________

Agora o INTERMEDIATE
Analisemos:

Peristômio = Meio termo, puxando pro lower
Inserção do Cabo = posterior, como em upper
Alas = Pouquissimas, puxando pro upper, mas presentes como em lower.
Coloração = Meio termo. Tem vermelho como em lower, mas as lacunas são amarelas, como em upper.
Gavinha = finge que vai, como em upper, mais fica, como em lower.

O nome "intermediário" já diz muito. De fato, misturam-se muitas das características.
_________________________________________________________________________________________

Dá pra discutir mais coisas...

Sim, com certeza! Com mais tempo, a gente pode observar outras características e discutir bastante!
Parabéns pelo trabalho! Acho que só dessa forma conseguiremos aprender algo mais sobre as Neps, dada a distância e a dificuldade de podermos estudá-las nos habitats! :D
Grande abraço!

.
.

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Abraços capixabas!

MIGUEL ANGELO PANDINI


02.08.2007(Qui)10:01
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Nilber

Excelente o seu trabalho de observação dessas características variantes dos ascídios em um mesmo individuo.

Era de se esperar que sendo os jarros upper, lower e intermediate, que tivessem variações unicamente nos angulo de inserção dos cabos dos jarros, formato da porção mais baixa do ascidio, e na presença ou não de gavinhas, e talvez uma diferença de tamanho entre eles (me da a impressão de que os upper são geralmente maiores que os lower) mas basicamente deveriam apresentar as mesmas características de cor e alas independentemente da sua posição. Mas pelo visto o buraco é mais embaixo, tendo eles mais diversidade do que o esperado.

A que podemos atribuir essa diferença? Sei que em hibridos complexos de orquideas, as florações podem variar bastante dependendo do estado de saude da planta, sua idade, fatores ambientais, numero de flores, adubação, mudança de ambiente dentre outros fatores. Normalmente um hibrido apresenta características relativamente equilibradas misturando características dos pais. Mas pela influencia dos fatores acima por vezes a característica de um ou outro se torna mais acentuada, dai dizemos que "agora ela floriu mais parecida com a planta X e não com a Y". Coisa que pode ou não se repetir em futuras florações. Por vezes se uma planta tem duas frentes florindo, ela pode dar até duas florações com características distintas ao mesmo tempo.

Essa instabilidade pode ocorrer também com as Nepenthes, especialmente os hibridos? A simples mudança de fatores ambientais no microambiente delas ja causaria a diferença dos jarros? Ou elas são programadas para diferenciar morfologicamente jarros lower dos mais acima para atrair presas diferentes? Isso ocorreria também em Espécies naturais de Nepenthes?

Seria legal observar se isso se repete com outros hibridos e espécies também.

Um abraço

Adilson


02.08.2007(Qui)11:30
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Olá Niber,

muito bom esse tópico, gostei dele pelo fato de haver esse categoria intermediária entre os jarros "lower" e "upper", pelo que ví minha N. x horribilis estava produzindo "intermediates" e por isso os pêlos (alas) eram falhos a ponto de eu chamar a pobre planta de "horribilis" :roll:

O último jarro que abriu é bem pequeno e com muitas alas ("lower"?) e as folhas novas devem produzir mais quatro jarros, fiquei curioso em ver o que o meu híbrido irá aprontar dessa vez... querm sabe ela não seja apenas mais um patinho feio 8*)

Um abraço.

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02.08.2007(Qui)14:21
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Samoied (Adilson Peres) escreveu:
... Essa instabilidade pode ocorrer também com as Nepenthes, especialmente os hibridos? A simples mudança de fatores ambientais no microambiente delas ja causaria a diferença dos jarros? Ou elas são programadas para diferenciar morfologicamente jarros lower dos mais acima para atrair presas diferentes? Isso ocorreria também em Espécies naturais de Nepenthes?

Seria legal observar se isso se repete com outros hibridos e espécies também...


Desculpe a intromissão! :lol:

Bem, nessa questão da diferenciação entre jarros "lower" e "upper", se existe alguma influência de fatores ambientais, isso é algo a ser estudado e observado. Mas, conforme já pude me informar, existe sim uma pré-disposição da própria planta em diferenciar os dois jarros, para tirar proveito ao máximo na hora da captura das presas, seja ela uma espécie pura ou um híbrido.

Segundo o Prof. Dennis P. Saridakis, nosso colega de forum, os jarros "lower" possuem as abas com pêlos em fartura para funcionar como escadas, facilitando o acesso de insetos rasteiros ao interior do ascídio (há trabalhos científicos que atestam isso). E o "upper" não seria mais alongado, mas "normal". O "lower", sim, é que seria diferente, mais achatado e mais atarracado, fazendo com que o peristômio fique ainda mais próximo do chão para facilitar a captura!

Assim, os "upper" não teriam os pêlos pois estes são desnecessários lá no alto, e a planta economizaria energia não os produzindo. E o jarro seria mais estreito e mais longo, o que seria normal no caso de aprisionar insetos voadores, dificultando qualquer tentativa de fuga destes, depois de capturados.

Em resumo:
Lower = insetos rasteiros, e sem muita "resistência à prisão";
Upper = insetos voadores e mais fortes, que reagem de forma mais vigorosa quando aprisionados.

É por essas e outras que, a cada dia, eu me apaixono mais por essas plantas!

Abraços!

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Abraços capixabas!

MIGUEL ANGELO PANDINI


02.08.2007(Qui)15:25
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Oi...

Adilson, os Jarros inferiores frequentemente são maiores que os de cima. Os de baixo se especializaram em pegar principamente formigas e os de cima, além delas, outros que se guiem pelo nectar. Por isso, um outro aspecto que pode ser osbservado nessas fotos, é a presença de nectários mais frequentes na parede externa do jarro.
A coloção também é afetada. Tenho uma teoria = os inferiores atraem os andantes até eles com sua cor. Esses podem andar até a fonte de nectar e serem capturados. Dái usar todo o corpo do jarro como atrativo e dái não se precisar de nectários fora da ratoeria. Os upper precisam atrair os bailarinos do ar até um ponto específico - a boca. Nectários na parede os atraem, o jarro não pode distrair muito o animal e por isso é menos vistoso, mas o presitomio tem suas armas. Brilha e aroamtiza e é a parte que se redrobra, colore e ornamenta. Viagem minha ou coisa do gênero.
O ambiente sempre atua, mas esses fenômenos possuem, especulo ao maximo, regulação gênica.


Miguel, apenas fazendo um estudo ontogenético é possivel inferir com certo grau de precisão qual tipo de ascídio surgiu primeiro.
Os intermediarios variam muito. Cada um com sua mistura - não existe regra de proporção de mistura. Há uma incerteza fenotípica oriunda de outra incerteza de expressao. As proteínas diferenciadoras ficam confusas e se misturam. Provavelemente ambos os genes ficam sendo expressos em proporção inversa até que a sinalização pra diferenciação se complete fisiologicamente. O que regula isso? Outra teoria = eu diria que a distância entre a fonte de auxinas e zona formadora de jarros (ponta do cabo). Sempre há umas 3-6 folhas até o apice de um ramo que produz jarros superiores. Nunca li nada sobre isso. Outra viagem...daria um belo trabalho. Quem sabe um dia...
A ausencia de alas e arestas é sim uma boa caracteristica pra se diferenciar uma boa ventricosa.



Carlos, um dia sua horribilis se torna admirabilis! :wink:

Abraços.

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02.08.2007(Qui)18:45
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Nílber escreveu:
Carlos, um dia sua horribilis se torna admirabilis! :wink:


Boa, torço que isso ocorra apesar dos meus poucos cuidados para com ela, a preterida entre as droseras, sarracenias, genliseas e utricularias.

Um abraço.

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02.08.2007(Qui)19:04
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Mensagem 
Nílber escreveu:
... Outra teoria = eu diria que a distância entre a fonte de auxinas e zona formadora de jarros (ponta do cabo). Sempre há umas 3-6 folhas até o apice de um ramo que produz jarros superiores. Nunca li nada sobre isso. Outra viagem...daria um belo trabalho. Quem sabe um dia...

UAU! :D
Vou esperar por esse dia, com certeza! :lol:
Lembre-se que não sou biólogo, e que quero muito aprender com todos vocês! :wink:

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Abraços capixabas!

MIGUEL ANGELO PANDINI


02.08.2007(Qui)19:13
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Mensagem 
:D excelente debate como a literatura brasileira é escassa no assunto esse tipo de discussão é extremamente importante não só pelo aprendizado... mais incluirmos fatores que modificam e acontece... aquela coisa teórica que nossos amigos biólogos sabem pelo aprendizado desenvolvido ao longo dos anos... e caracteristicas que a planta desenvolve por aqui... longe do seu habitat. Parabéns Nílber muito bem desenvolvido :wink:

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Abraços,
ISMAEL MARINHO BENITES
Colecionador de Plantas Carnívoras


02.08.2007(Qui)23:33
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Localização: Brasil
Mensagem 
Valew Ismael!
De modo geral na biologia não ganhamos dinheiro, mas nos divertimos!

Abraços!
Nilber

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03.08.2007(Sex)2:31
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