Olá pessoal,
Finalmente me sobrou um pouco de tempo livre e consegui editar as primeiras fotos da minha última viagem.
Minha viagem a São Gonçalo do Rio Preto faz parte do meu projeto de Iniciação Científica (para aqueles que não estão familiarizados, é como um projeto de conclusão de curso, um meio de introduzir o aluno de graduação na pesquisa científica), que é um levantamento das espécies de Lentibulariaceae (
Utricularia e
Genlisea) ocorrentes no Parque Estadual do Rio Preto. O Parque protege as nascentes do Rio Preto, que é um importante afluente do Rio Jequitinhonha, que abastece grande parte das cidades do norte de Minas. Protege, também, um pouco da riquíssima biodiversidade da Serra do Espinhaço, que é um grande complexo de serras que separa as bacias dos rios São Francisco e Doce.
São Gonçalo fica a cerca de 50 km ao norte de Diamantina e, a partir da cidade, o acesso ao parque é feito por uma estrada de terra de 14 km. A estrada, obviamente, está em péssimas condições.
Chegamos (eu e Rebeca, que também é aluna de IC e trabalha com as Amaryllidaceae do Parque) em Diamantina na manhã do dia 4 de fevereiro, depois de 14 horas de viagem a partir de São Paulo. Alugamos um carro e, depois de almoçar, seguimos para S. Gonçalo.
Catedral de Diamantina

No caminho, passamos por Couto de Magalhães de Minas:
Igreja em CMG

Chegamos ao parque já no fim da tarde, mas ainda sobrava algum tempo pra explorar perto do alojamento.
Fruto de Annonaceae

Numa pequena região com uma fisionomia típica de deserto, cresciam alguns
Melocactus sp. (Cactaceae)


E, a cerca de 50 metros dalí, num brejo na beira da estrada, encontrei grande quantidade de
Utricularia subulata em flor

E
Genlisea pygmaea também


Essa aqui, com uma aranha-carangueijo, esperando algum polinizador aparecer...

Nesse ponto, também encontrei algumas
Drosera tomentosa (provavelmente
var. glabrata)

Algumas
Utricularia nana
E
G. violacea ainda sem flores (mas as fotos não ficaram boas)...
No dia seguinte levantamos cedo e nos preparamos para chegar à parte alta do Parque, também chamada de Chapada.
A trilha é pesada, são 3 horas de subida, que nós fizemos em 4 horas, por causa do mau preparamento físico e porque eu fui parando em tudo quanto é lugar que tinha água... hehehe
Nascer do sol

Aqui, a neblina formava um rio que descia as montanhas

Felizmente, para subir a serra, contamos com a ajuda de uma mula pra transportar as malas... hehehe

Logo de cara, no primeiro rio que tivemos que atravessar, encontrei um grupo de
D. tomentosa crescendo sob a sombra das árvores na beira do rio
A fisionomia da vegetação, a princípio, era de um cerrado s.s., que logo foi dando espaço para os campos rupestres.
Kielmeyera rubriflora (Clusiaceae)
Ananas comosus (Bromeliaceae) - o abacaxi no seu estado "selvagem"
Tillandsia sp. (Bromeliaceae) crescendo sobre aflormento rochoso
Pseudolaelia vellozicola (Orchidaceae) crescendo sobre uma....
Vellozia!!!
Trimezia juncifolia (Iridaceae)

No vale de um córrego que esqueci o nome, se formava um grande campo úmido, onde
Utricularia laciniata ocorria em grande quantidade (assim como
U. subulata, mas não gastei a memória da câmera com ela... hhehe)

Já
Utricularia amethystina era bem menos representativa

Foi nessa região que encontrei, também, algo bastante esquisito... uma grande população disso:

Eram várias e várias plantas de
Utricularia amethystina (ou algo parecido) com flores assim:

Continuando na trilha, encontrei, sob uma grande pedra, uma população de
Genlisea violacea toda florida



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Seguindo adiante, a fisionomia ia ficando mais interessante:

Logo apareceram algumas
Utricularia neottioides
E aí, eis que surgem na beira da trilha algumas
Drosera graminifolia (ou
D. spiralis, dependendo da opinião taxonômica)


Eram plantas realmente grandes, com folhas atingindo os 25 cm

Andamos mais um pouco e logo os campos rupestres alternavam com campos de altitude
Nos campos rupestres,
Vriesea sp. (Bromeliaceae) e
Vellozia sp. (Velloziaceae)
Vriesea sp.
Barbacenia sp. (Velloziaceae)

Outra
Barbacenia sp. (Velloziaceae)
Tillandsia sp., orquídeas e euphorbias
Tillandsia sp. (Bromeliaceae) e
Euphorbia sp. (Euphorbiaceae)

E nos campos de altitude...

As Melastomataceas davam um show!
Chaestoma sp.


Campo alagado com
Microlicia sp.
Microlicia sp.

Vellozia sp.

E nas partes mais úmidas,
Utricularia amethystina, com uma corola meio alienígena
Habenaria sp. (Orchidaceae)
Drosera hirtella var. hirtella

Ainda iniciando floração

Além de uma grande população de
Genlisea pygmaea tuberosa!



Por fim, a recompensadora visão do alojamento no alto da chapada...

O dia ainda não acabou, mas eu já cansei... depois eu continuo!
Abs,