Povo
Estive novamente em Aiuruoca no começo do ano, para andar em lugares da Serra do Papagaio por onde não havia passado previamente, e para olhar melhor e com mais tempo os lugares que ja conhecia. Posso dizer que foi bastante proveitoso e que a serra do papagaio é um paraíso de carnivoras ainda maior do que eu ja achava que Ibitipoca Era.
Existem partes da serra cobertas por utricularias, outras cobertas de Droseras, onde você não consegue caminhar sem pisar nelas.
Acampei 5 dias na serra em companhia de meus amigos Tércio, Diogo e Daniel, onde andamos pelas diversas paisagens aqui mostradas.
Vou fazer este post em varias seções em uploads consecutivos para não deixar de inicio um post gigantesco. Vou tentar abranger as Carnivoras, a flora como um todo, fungos, animais, paisagens, habitats e algumas fotos pessoais.
Neste primeiro post vou esquentar falando das paisagens e dos habitats da serra.
As fotos aqui apresentadas, Algumas são de minha autoria e outras do Tércio.
A serra do papagaio é parte da cadeia da Mantiqueira, e se localiza entre os municipios de Aiuruoca e Baependi. A serra possui altitudes que variam entre 1000 até 2.350 mts no pico do bandeira. Ela esta localizada a Nordeste de Itatiaia, e se caracteriza por ter invernos mais secos do que itatiaia, uma vez que o maciço das agulhas negras e esta porção mais ao sul da serra da mantiqueira recolhem uma boa parte da umidade que vem do mar. As temperaturas lá variam entre 30 e - 4 graus.
Como marcos geograficos principais poderiamos destacar o Pico do papagaio (1992 mts), O Pico do Bandeira (2.350), os campos intermediários ao sul do maciço principal da serra (1500 mts) e o Retiro dos pedros (2.250 mts). Tais marcos também são em si habitats de uma flora maravilhosamente diversificada pelos diversos nichos ecológicos por eles criados.
O marco geográfico mais conhecido da serra é o Pico do Papagaio. Medindo 1992 mts ele é facilmente visivel de qualquer parte da região. Fiquei em um camping que se localizava no povoado da pedra do papagaio, distante 11km de aiuruoca, e que como diz o nome, fica exatamente ao pé da serra, oferecendo uma (super ingreme subida) trilha direta de acesso ao pico e a serra em si.


o pico visto da subida para ele.

Aqui visto por trás de um planalto a 1.500 mts aproximadamente, depois da primeira subida da base da serra.

Aqui visto da região do pico do santuário, no topo da serra, acima dos 2.000 metros.

Uma vista da subida da pedra do papagaio até a base do pico do papagaio, mostrando o quão ingreme é. Ao fundo o fundo do Vale do Matutu e a linda cachoeira do Fundão. Pode-se divisar também a pedra da cangalha (1880 mts) , com sua forma arredondada e dramática.
O Pico do Bandeira é o ponto culminante da região, apesar disto é menos famoso e menos visitado do que o pico do papagaio.

Aqui o Bandeira visto dos campos intermediários da serra.

Aqui ele visto mais proximo, na região do pico do Santuário.

Uma vista da vegetação dos campos intermediários, que são habitat de U. pubescens, amethystina, reniformis, D. ascendens, em sua maioria em grande quantidade.

A "pedra quadrada" um marco da subida da serra vindo pelo flanco norte.

As escarpas do flanco norte da serra

A pedra quadrada de um angulo mais alto com a cidade de Aiuruoca ao fundo.

A cachoeira do fundão, mais distante e uma outra cachoeira que não sei o nome, no flanco leste na base do pico do Bandeira. não pude ir nela, mas na proxima vez será o primeiro lugar que eu irei.

Arbustos de Hesperozygis myrthoides, o Poejo da serra, e bem distante ao fundo o maciço de itatiaia.

Meu amigo Tércio morrendo pra subir as escarpas de pedra. Estas escarpas eram o habitat de Genlisea violacea.
Aliás falando de habitats, Eis aqui uns exemplos de formações onde poderiam ser encontradas Carnívoras:

Campos umidos e alagados, onde o solo era geralmente turfoso e a vegetação de gramínias em volta fazia sombra. Este se situava nos campos intermediários a 1.500 mts de altitude. Eram habitat de U.pubescens, U. amethystina, U. reniformis e raras D. ascendens.

Campos rupestres. Possuiam uma textura de rochas de tamanho variado, até areia pura. O solo era arenoso com quantidades variaveis de acumulo de materia organica, tendendo a se tornar bastante seco. Bastante comuns no Retiro dos pedros (2.250mts). Neles cresciam D. montana, U. amethistina, algumas raras U. subulata e uma grande quantidade de orquídeas terrestres.

Campos alagados em altitudes superiores a 2.000. Diferente dos campos alagados em altitudes mais baixas, aqui as gramíneas são mais baixas, fazendo menos sombra. Aqui crescem U. pubescens G. aurea e nas suas bordas U. amethystina.

Riachos em altitude. Aqui temos uma mistura de terrenos turfosos rodeados de agua, pedras de granitos em contato com a agua. Neles crescem geralmente U. pubescens U. reniformis D. tomentosa (em altitudes menores) D. ascendens.

Pantanos em altitude. Diferentes dos campos alagados, aqui temos uma formação de gramínias, iridaceae entre outras plantas, bastante compacta, hidrófila que sombreia a agua logo abaixo. Aqui se encontram U. reniformis, e em suas margens U. pubescens e G. violácea.

PAra terminar esta introduçaõ interminavel, uma foto do limite norte do retiro do pedros, mostrando a diversidade de formações geológicas.
Irei postando as plantas em dias diferentes para poupar tamanho de post e para dar mais margem a discussões.
U. Pubescens
Era sem duvida a espécie dominante da serra em quantidade. Em qualquer lugar que houvesse um campo alagado, em qualquer altitude elas ocorriam entre as gramínias em quantidades enormes, formando aglomerados de plantas e flores dificil de ser medido. Suas maiores populações se davam a 1. 500 metros nos campos intermediários e a 2. 250 metros no Retiro dos pedros. Fora isto, elas ocorriam mais ocasionamente em riachos em outros lugares da serra mas em populações bem mais modestas.

Se conseguirem reparar nos pontos arroxeados no meio das gramíneas são as U. pubescens em grandes quantidades.

A planta de U. pubescens com suas folhas redondas inconfundíveis.

uma flor isolada. As u. pubescens da serra do papagaio geralmente tem uma tonalidade de cor mais escura do que as populações de Ibitipoca.


Aqui uma idéia dos aglomerados de indivíduos e flores que elas criavam.
