Olá a todos,

Como vocês já viram, o Fernando já fez o anúncio da nova espécie que acabamos de publicar (tópico aqui: viewtopic.php?f=8&t=8838).
Aqui o link para o resumo do artigo: http://www.mapress.com/phytotaxa/conten ... 9p040f.pdf
No entanto, o número de fotos dessa espécie na internet é bem pequeno, então aqui vão mais algumas fotos pra que vocês possam conhecer Drosera quartzicola melhor!

Essa espécie foi descoberta pelo Fernando em 1996, mas só agora foi formalmente publicada! Eu agradeço ao Fernando por ter deixado eu ajudá-lo a descrever e publicar essa planta incrível!
Drosera quartzicola é uma espécie proximamente aparentada a D. chrysolepis, com quem ela até mesmo hibridiza. As principais características distintivas dela são a não-formação de um caule alongado, a face adaxial (superior) do pecíolo sem tricomas não-glandulares, pecíolo e lâmina com larguras similares, hastes florais bem curtas e o denso indumento de pequenos tricomas globulares que vocês verão abaixo.
Essa espécie é raríssima, sendo considerada Criticamente Ameaçada de Extinção.

As fotos que vou postar aqui foram tiradas ao longo dos últimos anos, mas nunca tive tempo de postar. Decidi, então, juntar todas num só tópico. As fotos foram tiradas em diferentes épocas do ano e em diferentes populações (só 4 populações são conhecidas, todas MUITO pequenas) e mostram como essa espécie reage nas diferentes estações do ano (basicamente estação chuvosa e estação seca).

Pra vocês terem uma idéia do tamanho delas durante a época chuvosa:


O epíteto "quartzicola" foi escolhido pois essa espécie vive em solo arenoso com cascalho de quartzo:




















Close das folhas:


Um grupinho bem bonito:


Um grupo bem vermelho:


Um espécime bem grande:


A mesma planta, um ano depois:


A floração dessa espécie perene se concentra na época chuvosa, de janeiro a abril. As hastes são bem curtinhas, provavelmente por causa do ambiente bastante exposto, onde uma haste muito longa facilmente quebraria por causa do vento constante:




As flores não tem nada de especial quando comparadas com outras espécies relacionadas:


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Outra planta florida (até hoje eu só vi duas flores abertas dessa espécie):




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Planta com haste em formação:


Plantas com frutos:






Durante a época seca as plantas ficam bem feias, muitas vezes perdendo toda a mucilagem das folhas:






Mas algumas resistem bem à seca e mantém algumas folhas, porém bem mais curtas que na época chuvosa:




Fotos do habitat:




Aqui algumas fotos mostrando os pequenos tricomas globulares que cobrem quase a planta toda. Acreditamos que esses tricomas tenham a função de captar umidade do ar (função higroscópica), uma vez que as espécies que os possuem ocorrem em ambientes extremamente secos se comparados aos ambientes ocupados por outras Droseras no Brasil. Eles seriam importantes, principalmente, durante a época seca, pois mesmo com vários meses sem nenhuma chuva é comum a formação de neblina durante a noite e começo da manhã no alto das montanhas onde essas espécies ocorrem:


Aqui os tricomas na face abaxial da folha:


É isso, espero que tenham gostado!


Abraços,

Só tenho a aplaudir...

A área onde ela foi encontrada é de proteção ambiental ?
É mais uma vez o Brasil mostrando sua biodiversidade... pena que esteja tão ameaçada.
Grande Abrç.

Olá Paulo,

acabo de ler o artigo e era exatamente o que eu esperava, muito bem
escrito (claro e objetivo).
O ambiente é muito similar aos que vimos na viagem ao norte de MG,
um dia gostaria de visitar essa espécie também.

Um abraço.

A espécie é muito legal, essa é uma planta que pode ser chamada de 'guerreira', hehe, as fotos estão excelentes.
A hipótese sobre a função dos tricomas globosos é perfeitamente plausível!!!

Abraço

Ótimas fotos e mto bem sintetizado! Sem a enorme ajuda do Paulo, não sei quando conseguiria publicar esta planta...

Alguns detalhes a mais:

- Quando vi esta planta em campo pela 1a vez, misturadas entre D.chrysolepis e outras, achei q talvez fosse híbrido de D.chrysolepis com algo menor, tipo D.tentaculata. Só desisti totalmente desta hipótese uns anos depois quando achamos as outras 3 populações, onde não haviam D.chrysolepis mto próximas.

- Foi o Paulo quem percebeu recentemente (com seu olho aguçadíssimo p/ detalhes taxonômicos) q haviam híbridos com D.chrysolepis misturados na 1a população.

- Eu nunca consegui ver esta planta com flores abertas. Fiz vááááárias visitas ao Cipó, em quase todos os meses do ano, até descobrir a época de floração - mas mesmo assim só vi botões. Foi o Paulo q finalmente conseguiu ver as flores, fotografá-las e fazer um holótipo (herbário "tipo", representando a espécie) - o q foi essencial p/ a publicação da espécie.

- No artigo, prestem atenção na chave botânica q o Paulo (Mestre das Chaves) fez p/ as dróseras da Serra do Cipó. Mto legal!!!

- Sobre os tricomas globulares higroscópicos (q no artigo apelidamos de tricomas "TSG"), tem uma foto do Paulo q adoro e q mostra bem estas estruturas:



E agora a fofoca...

- Na verdade eu "descobri" esta planta no início dos anos 90 no herbário da USP, onde nossa "amiga" Tânia fazia seu mestrado com Drosera na época. Ela fez a 1a coleta q conhecemos de D.quartzicola, em 1993. Haviam tbm uns slides da planta na natureza, com flores abertas, q alguem tirou na mesma viagem, ou numa anterior, não me lembro (Paulo, quem sabe estas fotos ainda se encontram em algum armário da taxo?). quando vi o herbário e as fotos meus olhos quase saltaram p/ fora da cabeça! Quando finalmente consegui fechar a boca, mostrei pra Tânia e gritei: "Espécie nova!!!!!!!" Resposta dela: "Não, isso é apenas D.villosa"....

De tão rara q é D.quartzicola, mesmo sabendo +- a área geral onde havia sido vista, ainda assim demorei 3 anos p/ conseguir achar a 1a população.


Abs, Fernando

Maravilhosa esta planta! Parabéns pela descoberta de uma nova espécie nacional, o Habitat dela é muito bonito.

E pensar que o que já ví de drosera é tudo D. communis, D. villosa e
D. montana.

Oi pessoal,

Obrigado pelos comentários!

Nildo - duas das quatro populações ficam dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó, mas as outras duas, infelizmente, não...

Carlos - Obrigado! Sim! O ambiente é muito parecido com o que vimos na região de Diamantina!

Fernando e as fofocas... hehehe
Essa Tânia não tem salvação mesmo!


Abraços,

Oi pessoal,

Eu fiquei devendo as fotos do raro híbrido entre Drosera quartzicola e D. chrysolepis, então aqui estão algumas:


Os híbridos apresentam folhas mais longas e finas que D. quartzicola, com o pecíolo claramente mais estreito que a lâmina, mas com o caule e inflorescências curtos, além de características do indumento intermediárias antre essa espécie e D. chrysolepis.








Grupo do híbrido:


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Espécime coletado para herbário:


Aqui a aparência do outro parental, D. chrysolepis, no local onde encontramos os híbridos (notem a haste longa):


Numa época mais seca (notem o caule alongado) - a haste ao lado é de D. tentaculata:


As duas espécies (D. chrysolepis e D. quartzicola) lado a lado:



Abraços,

Muito esclarecedoras suas descrições e suas fotos, Paulo.
É uma pena que grande parte dos cultivadores brasileiros ainda desconheça muito da nossa flora carnívora.
É importantíssimo o seu trabalho e de outros pesquisadores que saem a campo e voltam cheio de novidades.
Só tenho a agradecer!
Obrigado por contribuir e compartilhar conosco.