
Serra do Quirirí - SC (outono de 2012)
Olá pessoas.
Cultivar plantas carnívoras é uma atividade cativante pois nos leva a esquecer um pouco as agruras do dia-a-dia, possibilita multiplicar
a vida e aprender continuamente. Outro fator interessante é compartilhar o conhecimento, mesmo como leigo em botânica.
Conhecer as plantas no campo é um passo além nesse conhecimento pois permite que possamos melhorar o que fazemos com as
plantas que estão sob nossos cuidados, além da aventura em si. Nesse tópico vou descrever a última saída a campo que, espero,
ajude a tirar algumas dúvidas sobre as plantas carnívoras e seu ambiente.
A expedição não teve muito planejamento, após uns dois dias de trocas de mensagem eletrônicas
Carlos Rohrbacher (eu),
Emerson Gumboski ('Homem Líquen' ou 'Homem Martelo') e
Flavio Beilke ('Homem Tremor').
combinamos uma saída a campo para rever uma das paisagens mais belas do nosso estado: a Serra do Quirirí. Após alguns
contratempos
para que os colegas localizassem a minha casa (risos) rumamos para a Serra na expectativa de re-encontrar algumas
espécies que sabíamos que vegetavam nos campos de altitude (
Drosera communis, Utricularia reniformis e
Utricularia tricolor) e tentar
encontrar outras já localizadas no lado oposto da mesma serra (
Genlisea aurea e
Drosera ascendens, ver
aqui).
Havia ainda a expectativa de encontrar algumas espécies que ocorrem ao sul do Paraná (a noroeste de onde iríamos) mas, 'misteriosamente',
ainda não foram encontradas em Santa Catarina (
Genlisea repens, Drosera grantsaui e
Drosera viridis).
Após 20 Km de rodovia e cerca de 40Km de estradas vicinais abandonamos um dos veículos para seguir com tração nas quatro rodas,
um pouco apertado mas bem melhor que seguir na caçamba saltitando diante do despenhadeiro sob o vento cortante de outono com
uma sensação térmica de cerca de zero grau.
A serra tem mais de 1.100 metros de altitude, com o pico com mais de 1.500 metros e é composta por campos de altitude com
afloramentos rochosos esparsos (com muito liquens, para quem gosta deles), entre os cumes dos morros existem aglomerados de
uma vegetação de maior porte, provavelmente porque é onde o vento é menos intenso.

A primeira espécie foi encontrada em um local que, coincidentemente, era conhecido por mim, Emerson e Flavio:
a pequena e belíssima
Drosera montana.




Essa espécie crescia em pontos altos da serra, tanto em barrancos erodidos como à sombra de grandes rochas e topos de morros,
as plantas vegetavam na face leste desses locais em solo turfoso-arenoso, pegando neblina pela manhã e final da tarde e sol durante
a tarde, com vento frio vindo do sul. Nos barrancos mais expostos a D. montana crescia sem a companhia de outras plantas carnívoras.



