Saudações!

No final de setembro estive em Campos do Jordão (SP) e aproveitei a viagem para procurar algumas plantas carnívoras
na Serra da Mantiqueira. Contei com a ajuda do Paulo Minatel que me forneceu informações sobre os locais pois ele já
esteve naquela região. Os locais de busca foram no município de Pindamonhangaba, com saída de Campos do Jordão (SP).
O primeiro local era às margens de uma grande lagoa de águas límpidas e terrivelmente geladas que ficava às margens
da estrada.



Destacavam-se na paisagem da margem da lagoa as numerosas Xyris sp. em flor.



Cheguei ao local antes das seis horas da manhã, era muito mais frio do que eu havia previsto (cerca de 4º C), com ventos
constantes (30, 40 Km/H?) a 1812 metros de altitude.



Conforme o Paulo havia indicado, as primeiras plantas encontradas foram as minhas preferidas, as belíssimas Drosera ascendens.
Era uma população relativamente pequena. Talvez o longo período de seca durante o inverno as tenha 'encolhido'. Estavam um
tanto fechadas, talvez produto do chuvisco que caia. Seria interessante uma comparação do meu relato com as impressões do
Paulo M. e do Fernando R. que já visitaram esse local.

Ah, havia muito sphagnum entre a vegetação, nas áreas mais úmidas havia grande quantidade de Paepalanthus sp.,
moitas grandes de ‘capim’ em áreas mais drenadas e finalmente o tal ‘poejo’ que o Adilson mostrou em outro tópico,
realmente ele tem um odor muito forte de menta.



Paepalanthus sp.


Turfeira com grande quantidade de Sphagnum sp.


Poejo (Cunila galioides?)

Por falar em carnívoras, havia uma população bem grande de Genlisea aurea, eu pelo menos nunca vi tantas,
estavam começando a florescer, umas poucas hastes com flores mas muitas a sair das rosetas. Comparadas à população
que encontrei com o Flavio B. em Garuva (SC), essas plantas de Pindamonhangaba apresentavam hastes mais curtas,
com flores menores e, aparentemente, com menos tricomas. As plantas parecem bem diferentes, mas é uma questão ambiental.
Quanto mais à flor do solo estava a água, maior a quantidade de muscilagem na roseta e quanto mais insolação, menos verdes
eram as plantas.

Dificuldades para encontrar as plantas? Veja como é fácil de encontrar:






A lagoa era um ‘corredor de vento’, quando comecei a tremer me dirigi a outro local,
mais alto e protegido pela vegetação, a próxima planta a ser encontrada era a Utricularia reniformis
que ajudaria uma pesquisa genética, no caminho do local indicado encontrei uma série de plantas interessantes:








Bom, como vocês puderam constatar eu não encontrei a U. reniformis, o solo onde elas deveriam estar quando que não
estava seco estava seco e queimado.

Felizmente haviam outras distrações pelo caminho, um jacú (Penelope sp.) aqui,
um carcará (Polyborus plancus brasiliensis) acolá e ...
... orquídeas muito interessantes, alguém identifica?








Após quatro meses sem chover, isso finalmente aconteceu ...
... eu havia descido a montanha e foram duas horas de chuva gelada na cabeça sem encontrar uma mísera
folhinha em forma de rim entre as rochas.

Algumas outras ‘coisas’ interessantes:


Urutau (Nyctibius sp.) que eu quase pisei, foi bem divertido ele com a bocona aberta tentando me assustar
(achou? Está de boca fechada lá no centro da foto)


Um esquilo, em Campos do Jordão.


Bar da cervejaria Baden Baden, em Campos do Jordão.

Bom, é isso, espero que vocês tenham gostado.

Um abraço.

Show de bola Carlos, pena o frio né, mas quem ta indo para Campos, vai esperando frio mesmo, o terrinha fria.....

Abração e parabéns...

gostei das fotos carlos, gostei da camada de musgo e das orquideas, encontrou mais alguma população de Drosera ascendens ou só aquela da primeira foto.

Parabéns Carlos!
Lindas fotos e viagem incrivel!
Meu irmão tem casa lá em Campos mas eu não vou muito (nunca!!) pois não sou chegado no frio, hehehh!


Abç.

Muitas fotos ficaram sem carregar e olha que fechei tudo que usava a Internet deixando só o navegador aberto. Mas vendo só um pouquinho ja ta bom mas quero ver o resto. Vocês nunca tiram fotos de seedlings na natureza.

Ahh muito bom ver você andando por ai mais frequentemente assim!

Belas G. aurea e D. ascendens, elas meio que formam uma dobradinha ai nas serras do sudeste, geralmente onde tem uma, aumenta as chances de ter a outra.

O Poejo não é exatamente a mesma lamiaceae que existe em Aiuruoca (Hesperozygis mirthoides) mas deve ser uma parente proxima, afinal o aroma de menta deve ser tão fantástico quanto!

A orquidea de bulbos grandes é um zygopetalum, Por ai deve ser o mackay ou o intermedium.

A Cattleya (sophronitis) Deve ser a mantiquerae. A coccinea ocorrem em serras mais litorâneas e floresce no começo do ano. Mas se bem que por mim as duas são sinônimos, não vejo nada de fundamental que diferencie as duas como acham certos autores além de epoca de floração. Belíssimas as fotos delas.

A coisa de cabelos pendurados é uma Scuticaria. Provavelmente deve ser a hadwenii, que é a espécie mais comum e geralmente ocorre nesse tipo de ambiente umido.


Com relação ao povo que não gosta de frio: XD XD XD não sabem o que estão perdendo, porque uma boa parte da flora de carnivoras e outras familias interessantes gosta justamente de altitude e de frio. Bom que é menos concorrencia pra explorar e descobrir coisa hahahaha

Parabéns pelo relato Carlos e obrigado por compartilhar. Uma pena que quando passei nas margens dessa lagoa eu não fazia a menor idéia de que existiam PC's ali, aliás, nem as conhecia direito. É um lugar muito bonito!

Abraços