Olá pessoal,

Aqui vai uma atualização do tópico. No início de outubro o Marcos voltou ao local de U.warmingii no norte do Pantanal. É o final da época de seca, por isso achei q gostariam de ver como fica esse ambiente nesta época do ano.

Mas antes, só pra lembrá-los, eis uma foto aérea deste local na época de chuvas quando a fazenda está alagada, com uma flecha indicando o local onde as plantas foram encontradas:




E agora as fotos do mesmo local tiradas pelo Marcos no início de outubro de 2011:






É, acho q isso significa q todas aquelas PCs crescem como anuais neste local.



Abs,
Fernando Rivadavia

Que interessante, Fernando. E, ao mesmo tempo, intrigante...
Como essas plantas conseguem ressurgirem anualmente do seco? Quando comento com meus colegas e alunos sobre utricularias e droseras falo sobre locais comumente preservados, possivelmente com água por perto... Podes esclarecer algo que ainda não compreendo desse contexto?
Essa semana mesmo estive no local onde incidem as sessilifolias. Está tudo seco! Até o mato está vermelho/cinza. Está MUITO quente por aqui. Mas tenho certeza de que no próximo ano encontrarei mais carnívoras nesses lugares que já fui aqui na PB e em outros que desbravarei. Mesmo, hoje, estando secos. Que paradoxo...

Um abraço, amigo!

Eu acho muito difícil de acreditar q todas estas espécies consigam crescer como anuais, brotando de sementes todos os anos - especialmente espécies grandes como U.foliosa, cujas sementes não parecem ser propícias p/ sobreviver em ambientes secos por mto tempo. Mas as evidências até agora parecem apontar p/ essa conclusão.

Órgãos de dormência não são conhecidas nestas espécies. O Marcos até fez um experimento uns anos atras, coletando solo seco de um deste locais e colocando numa bacia com água pra ver se brotavam Utrics aquáticas - sem resultados (o q não garante 100% q não haviam hibernáculos...).

A única outra hipótese p/ a repopulação destas aquáticas grandes, é q existem refúgios na época de seca onde elas continuam vivas, crescendo como perenes. quando a bacia do Pantanal alaga no início da época de chuvas, as Utrics poderiam espalhar rapidamente e reconquistar os ambientes q secam no inverno.

Abs,
Fernando

Este é um bom assunto para se estudar... mas será que possuem formas que resistirem a seca, eu também fui em um lugar onde cresciam D tomentosa e em uma época do ano estava completamente queimado e seco, restando pouco espaço mais ou menos 2 A 3 metros quadrados de uma área que estimo ter uns 100metros quadrados ou mais. E pelo que eu saiba a D. tomentosa não é anual e nem possui dormencia no seco... e um mês depois que voltei ja tinham várias nos locais onde estava seco, mas todas estavam pequenas....

Existe a hipótese de que as sementes possam passar por um periodo de seca e posteriormente a chuva quebra a dormencia germinando as sementes, ou até como acontece em plantas de cerrado, apos o fogo as sementes dormentes germinam com a chegada da chuva.

Northon, se vc incluir pontos de interrogação no teu comentário, quem sabe seja possível entendermos melhor onde estão tuas perguntas? Mas vou chutar mesmo assim... Minhas especulações sobre as Utrics aquáticas estão todas escritas na minha mensagem anterior. Qto a D.tomentosa, como mtas outras espécies brasileiras ela consegue sim rebrotar das raízes. Portanto, se a roseta morrer, queimar, for comida por insetos, etc., novas plantas brotam das raízes.


Abs,
Fernando

Fernando,

Uma pequena duvida. O local das utricularias, ele se enche de agua somente da chuva ou quando alaga se comunica com algum manancial de água? Saberia me dizer se essa comunicação ocorre logo no inicio ou depois de um bom tempo de chuvas?

Se ele não comunica no inicio e já se tem a brotação e formação destas plantas, é bem plausivel que elas tenham sim algum tipo de mecanismo de "dormencia" ou "diapausa da semente" ( em aspas pois não sei se a termilonogia seria a correta).


Pergunto isso, pois existem algumas especies de peixes anuais, que vivem em poças e alagados similares a este da foto, e geralmente se encontram algumas utricularias e até droseras em alguns habitats de killifishes. E fiquei intrigado, será que neste ai não poderia existir tais espécies? No Mato Grosso é muito comum a existencia de peixes anuais, e mesmo em poças que posteriormente de comunicam com algum riacho etc.

Fabrício,

Estas perguntas só poderemos responder quando alguém fizer um estudo completo observando uma ou mais populações ao longo de um ano inteiro. (E devido ao fato q ninguém o fez ainda, não temos como responder e por isso escrevi minhas especulações acima.)

Porém, sendo Pantanal, eu imagino q o alagamento q vimos nas fotos não é apenas um alagamento temporário por causa de uma tespestade, e sim corresponde ao alagamento geral q ocorre em toda a bacia do Pantanal durante a época de cheia, q ocorre todo verão.

Não sei se era isso q vc tava perguntado...


Abs,
Fernando

Fernando,
Você sabe se alguém já fez algum estudo desse tipo com as sessilifolias?

Caio: sim são anuais.

Fernando,

Era mais ou menos isso. Assim, pela sua resposta ou a lagoa se enche pelas inundações locais e dura a estação chuvosa como um todo, ou ela só enche pela chuva e dura um curto periodo.

Observando algumas populações de killifish em Goiás, habitam poças temporarias, mas que perduram por toda a estação chuvosa e ate um pouco após o inicio da seca. Poças essas, na maioria formadas somente por chuvas e minas, sem comunicação com rios, sendo grande parte totalmente sem comunicação com qualquer outro manancial de agua, ate pelo menos no meio da temporada de chuva que daria tempo dos peixes anuais crescerem.

Estou relacionando as poças dos killis, pois como já dito, já vi em algumas visitas a biotopos, varias plantas aquaticas, inclusive algumas utricularias e nas emediações do alagado até algumas droseras.

No caso de alguns peixes, ja vi poças proximas, coisa de menos de 100 metros de distancia, que são formadas por agua de chuva e que mina do solo, mas de forma discreta, pois elas não transbordam, e cada uma tem um tipo de peixe anual distinto da outra. E já visitei algumas poças assim no proprio sistema pantanal, em Cuiabá mesmo, onde eram 4 poças, e cada uma delas tinha um tipo de especie ou no caso de duas, uma associação de especies que nas outras não existia.

Por isso seria realmente interessante alguem avaliar o tipo de alagado desta espécie, se existe locais acima deste ponto que tenham poças que não secam e mantenham esta especie no periodo de seca como citado por alguns.

Na minha época de visita a biotopos, eu já conhecia algumas plantas carnivoras, mas não era o meu forte e sinceramente não me atentei pra ver quais especies eram.

Abraços