Fernando, aqui no RN é exatamente esse ambiente que tem sido o paraíso das D. sessilifolias, ou então na própria plantação de coqueiros, onde existam nascentes e alagadiços. Noto também a presença delas em ambiente de retração de dunas.

Outro detalhe da composição desse solo, segundo o que eu observo o conforme confirmaram colegas geólogos, é uma boa concentração de ferro. Em algumas poças ou filetes a água no local chega a ficar com uma tonalidade vermelho brilhosa, e dizem que isso é sinal de muito ferro.

Graco,

Se entendi bem vc está dizendo q já viu D.sessilifolia em vários locais no RN??? não sei se perdi algum post aqui, mas q eu me lembre Punaú é apenas o 2o local relatado p/o RN. O 1o foi em Touros, descoberto pelo Glaudson Freire de Albuquerque uns dois anos atras acho.

Caso vc tenha visto em outros locais, gostaria mto de saber onde. E principalmente, queria saber se alguem está fazendo registro destas populacoes atraves de herbarios, depositados talvez na UFRN?

Fique a vontade tbm de nos mostrar aqui algumas fotos destes outros locais! ;)


Abs
Fernando

Fernando, não seriam vááários hehehe. Vi pessoalmente em 3 locais e sei de uma conhecida que avistou num quarto local e inclusive vi uma fotografia que ela fez. Como cientista vejo grande importância em divulgar qualquer novidade desse tipo e só ainda não relatei aqui detalhadamente o primeiro e terceiro lugares pois quero voltar a esses locais para fotografar (de preferência sóbrio) e anotar mais coordenadas.

Segue o que sei sobre D. sessilifolias aqui no RN:

Minhas buscas se concentraram de Touros, na esquina do continente, até uns 45Km ao sul de Natal. Não foram detalhadas ou sistematizadas, apenas ocasionalmente vejo lugares propícios e vou lá dar uma "caçada". Daqui a 2 semanas visitarei (pretendo levar o Caio Vinícius) uma área muito promissora no sul do litoral, perto da divisa com a Paraíba. Lá não descartamos inclusive a possibilidade de existir D. comunnis. Não sei se já fizeram buscas no litoral norte do estado, mas olhando as imagens no google earth acho quase impossível elas não existirem D. sessilifolia aos montes por lá. Visitei bastante o litoral norte, mas sempre no verão. Existem vastas áreas por lá que formam paisagem idêntica aos Lençóis Maranhenses no inverno e você, mais do que ninguém, sabe que elas adoram isso hehe

Os pontos onde encontrei D. sessilifolia aqui no estado são:

1 Ponto - Touros: 5°13' 47.50''S 35°29' 21.01''O (Agosto de 2009)

Esse primeiro ponto (acima) difere um pouco do padrão de todos os demais onde encontrei, por ser um ambiente de nascente. Fica em área plana com solo de retração de dunas, degradado, em meio a uma plantação de côco. Não tenho certeza se é o mesmo ponto onde o Dino (Glaudson) encontrou um ano antes, mas se não for, deve ser próximo.

2 Ponto - Punaú:: 5°21' 41.08''S 35°21' 53.94''O (Setembro de 2009)

Pouco depois encontrei nesse segundo ponto, em meio a uma mata alagadiça (águas de chuva) com pequenas clareiras (me meto no mato atrás delas hehehe). Essa fica numa área onde houve "recente" retração de dunas móveis (menos de 5000 anos atrás). Em 2010 choveu pouco e não encontrei nada aqui e em 2011 até agora encontrei isso que postei no início do tópico.

3 Ponto - Maracajaú: 5°25' 24.72'' 35°18' 49.31''(Agosto de 2010)

Segue o padrão alagadiço porém mais aberto, um pouco degradado, com vegetação rala e esparsa. Também é de retração recente de dunas, com alagadiços de chuva. O local é repleto delas, formando verdadeiros tapetes onde o chão de longe ganha até um tom avermelhado. Nunca vi tanta D. sessilifolia e cobrindo vasta área. E olha que só fiz descer do carro e olhar ao redor. Tinha até libélula capturada por elas. Vendo pelo google o tamnho da área ao redor com as mesmas características, imagino a quantidade infinita que deve existir lá. Esse ano volto lá e fotografo isso.

4 Ponto - Macaíba: Localização pouco conhecida

Tempos atrás, bisbilhotando por acaso o orkut de uma conhecida que estagiava na botânica, encontrei uma foto de uma D. sessilifolia. Mandei um scrap e o que ela me informou é que a encontrou numa área de nascentes de um Rio que existe na área metropolitana de Natal. Não sei nada além disso em relação a essa ocorrência.

Utricularias encontrei em praticamente todos os locais alagadiços e arenosos aqui no litoral.

Resumindo: O padrão que notei é de solo de retração de dunas e alagadiço, principalmente por águas paradas, de chuva, ou então nascentes. Parece não se afetar tanto com a degradação e pisoteio pois todas estavam em meio a trilhas de bugueiros ou de caminhada de gado. Do 3o ponto pra baixo (sul) encontrei vários locais com todas essas características mas nada de Droseras, apenas Utrics.

Hello Graco, brigadao por todas as informacoes!

Fui imediatamente brincar com as coordenadas e... vc não vai acreditar, mas... Após vc abrir este tópico eu entrei no Google Earth e fiquei olhando os ambientes, comparando com tuas fotos, imaginando p/ q lado vc deve ter andado. Coloquei um marcador num ponto q eu achei propício e q me lembrava esta foto abaixo:



Agora, olhando tua coordenada do ponto 2 (5°21' 41.08''S 35°21' 53.94''O), tô vendo q acertei NA MOSCA o local!! Kkkkk!

Teu local 3 parece fantástico mesmo, adoraria ir ver ao vivo.

Ah, vc tem idéia de quais espécies de Utrics vc viu? Caso precise de ajuda, basta botar as fotos aqui no forum. ;) Tem surgido umas coisas interessantes por aí, acho q vc deve ter visto este tópico aqui: viewtopic.php?f=27&t=8318

Bom espero q esteja fazendo herbário de tudo isso e muito obrigado mais uma vez pelo relato!!!


Abs,
Fernando

Mto interessante este comentário, pois em quase todos os lugares onde eu as vi, do Mato Grosso do Sul aos Llanos Venezuelanos, D.sessilifolia quase sempre crescia em locais meio degradados/pisoteados, especialmente com presença de algumas vacas e cavalos.

Há mtos anos suspeito q o tal ingrediente q falta p/ cultivarmos bem esta espécie é implesmente um pouco de.... B*STA animal!!


Abs,
Fernando

O que uma baita experiência e um bom "faro" não fazem!! Pra mim, nesse período chuvoso aqui no RN, é um verdadeiro hobby ver lugares propícios no google earth e ir pessoalmente conferir o que tem por lá. Isso acaba ajudando a reconhecer via imagem de satélite os habitas ideais.



Duas delas estão no início do tópico. Uma terceira, cor-de-rosa, que encontrei ano passado, não tive como fotografar mas daqui pra setembro eu vou dar um jeito.



Eu suspeitava fortemente disso, agora, sabendo que você também observa esse padrão, pra mim é quase uma certeza! Às vezes encontro lugares aparentemente perfeitos e intactos, longe da civilização e nada delas...

Abraços e pretendo em breve trazer dados interessantes pra cá!

Sou viciado tbm! Mas vc é entomólogo, não? O q vc normalmente está procurando além das PCs?



Opa! Quero ver essa! É aquática flutuante ou presa ao solo?



Legal, bom saber q vc tbm pensava nestas linhas. Sendo anual, acho q talvez ela precisa de mais nutrientes, pra poder crescer, florescer e semear tudo no mesmo ano. Se isso for verdade, quem sabe D.sessilifolia não era bem mais abundante uns 15mil anos atras antes dos índios fazerem churrasco de toda nossa megafauna q andava pelo continente depositando grandes quantidades de estrume por todos os lados. Quem sabe D.sessilifolia não foi quase extinta junto com a megafauna e teve uma volta triumfal com a chegada dos europeus e seus cavalos e vacas?

Anyway, viagens a parte, alguem já tentou fertilizar suas D.sessilifolia com estrume???????



Aguardamos ansiosamente!! Valeu!


Abs,
Fernando


P.S. Nunca viu Genlisea por aí?? Pelas tuas fotos, acho mto provavel ter G.filiformis e/ou uma q parece G.pygmaea q achei no litoral do Pará e nos Lençóis Maranhenses e q na verdade é uma espécie nova (veja tópico sobre Lençóis aqui ou no CPUK).

Sou sim, mas no momento não tô trabalhando com pesquisa. Na verdade minhas buscas por PCs pelo litoral e sertão surgem aproveitando viagens que faço por lazer. Sou viciado em trilhas, amo fotografia e gosto muito de praia. Aí já sabe né...junto tudo numa atividade só. Vou à praia ou pras minhas trilhas e escaladas mas antes de pegar a estrada dou uma olhada no google pra ver pontos interessantes e então paro neles pra procurar pelas PCs. Esse fim de semana andei por umas serras bem úmidas, cheias de nascentes e de pedras úmidas mas não vi nem sinal de Pcs. De interessante, apenas uma Aristolochia e um cacto coroa-de-frade diferente do que sempre vejo (farei um relato fotografado por aqui em breve).



Era presa ao solo. Partilhava o ambiente com U.subulata mas somente a vi em um ponto, na margen de uma lagoinha de inverno.



Tenho quase certeza que fotografei uma genlisea sem saber do que se tratava. Ainda em 2009, pouco antes de iniciar o cultivo de PCs, achei uma baita população de D. sessilifolia em Touros (meu primeiro contato). Trouxe alguns exemplares pra cultivar em casa e fotografei. Um dia desses, olhando essas fotos, vi que junto delas havia algo muito semelhante a uma Genlisea. Chegando em casa eu postarei essa foto pra que vocês possam me confirmar a identidade.

Abraços!

muito legal... agora vocês estão conversando sobre uma coisa que eu acho muito interessante, sempre quando eu encontro Pcs, elas estão normalmente em locais degradados pelo homem, então se formos pole logica não precisamos de Bois pisando no nosso substrato como Fernando falou que falta no cultivo, eu acho que só de tirarmos ela do local de origem ja estamos colocando em um local degradado, pelo menos eu penso assim...

E outra pelo que estou vendo estas localizações esta D.sessilifolia é um pouco rara ou dificil de se encontrar?

Northon, sabendo identificar o habitat delas eu acho que é até fácil encontrá-las. Não sei se é rara comparada a outras Droseras aqui no Brasil. Isso quem pode responder melhor é o F. Rivadavia. O fato é que no litoral Norte do País, mais especificamente da Paraíba até o Pará, temos muita restinga e dunas (costa branca no RN, dunas do Ceará, delta do Parnaíba, Lençóis Maranhenses, etc) ou seja, não é rara a existência do ambiente preferido delas.

Na minha opinião o problema maior é que, nesses estados, diferentemente do sul e sudeste, temos relativamente poucos apaixonados por PCS (ou então se escondem muito bem), o que faz com que seja difícil termos um quadro mais detalhado da distribuição delas.