Ficha de cultivo: Sarracenia spp.
Taxonomia, espécies e variedades:
Sarracenia, junto de Darlingtonia e Heliamphora, pertence à família Sarraceniaceae, a qual está incluída na ordem Ericales (APG II). O gênero é composto por nove espécies:
1. Sarracenia alabamensis Case & R.B. Case: espécie ameaçada de extinção, por esse motivo, a exportação de sementes/plantas é proibida. Flores vermelhas.
2. Sarracenia alata (Alph. Wood) Alph. Wood: uma das maiores, suas folhas podem atingir 90cm. Apesar de comum em cultivo no exterior, ainda é rara no Brasil. Flores amarelas.
3. Sarracenia flava L.: a maior de todas, com folhas podendo ultrapassar os 120cm de altura. É também a com maior número de variedades, entre elas, atropurpurea, cuprea, ornata, rubricorpora, rugelii etc. Flores amarelas.
4. Sarracenia leucophylla Raf.: a segunda maior podendo ultrapassar os 100cm de altura. É facilmente identificada pelo topo de sua armadilha que é aclorofilado (portanto branco) com veias avermelhadas. Flores vermelhas.
5. Sarracenia minor Walt.: espécie bastante característica, com a tampa da armadilha voltada para baixo. A variedade okefenokeensis possui folhas grandes, que podem chegar a 70cm de altura, a variedade típica é bem menor. Flores amarelas.
6. Sarracenia oreophila Wherry: bastante semelhante a S. flava da qual pode ser distinguida pela coloração das flores (verde amareladas), geralmente mais claras, e sem odor. É uma das menos comuns em cultivo.
7. Sarracenia purpurea L.: é a espécie tipo. É a única em que a tampa não cobre a abertura da armadilha, permitindo assim que a água da chuva encha a folha. Possui armadilhas menores porém mais ‘largas’, para acumular água. É dividida em duas subespécies, ambas com flores vermelhas:
7.1. S. purpurea ssp. purpurea Wherry: Mais comum em cultivo. A variedade heterophylla Eaton. é a forma albina.
7.2. S. purpurea ssp. venosa Raf.: difere da anterior por possuir folhas menores, mais largas e tendendo a ser pubescentes na face externa. Alguns autores separam a variedade S. purpurea ssp. venosa var. burkii em uma nova espécie, S. rosea. Essa divisão é fortemente criticada e pouco aceita.
8. Sarracenia psittacina Michx.: Uma das mais interessantes. Difere das demais por possuir folhas que crescem paralelas ao solo e não eretas. A tampa da armadilha tem a forma de um bico de papagaio, daí o epíteto específico (Psittacidae é a família dos papagaios). Vivem em locais alagáveis, podendo, eventualmente, ficar submersas e capturar insetos aquáticos. Existem duas formas principais em cultivo, uma menor e verde e outra grande e vermelha. As flores são vermelhas.
9. Sarracenia rubra Walter: dividida em 4 subespécies, todas de flores vermelhas:
9.1. S. rubra ssp. rubra
9.2. S. rubra ssp. jonesii (Wherry) Wherry: ameaçada de extinção, exportação proibida.
9.3. S. rubra ssp. wherryi D.E. Schnell
9.4. S. rubra ssp. gulfensis D.E. Schnell
Além dessas espécies, há um sem numero de híbridos naturais e artificiais.
Nomes populares: planta jarro, planta carnívora.
Origem/Distribuição: Todas as espécies são endêmicas para os Estados Unidos, exceto S. purpurea ssp. purpurea que também ocorre no Canadá.
Envasamento: Deve-se usar vasos de plástico largos e não muito altos. Uma regra importante para escolher o vaso ideal (e plantar) é encostar a parte velha (que não tem folhas novas e não cresce mais) da planta numa borda do vaso e deixar a frente de crescimento (gema apical) a 3 dedos ou mais de distância da borda do vaso, uma vez que a maioria das espécies cresce horizontalmente (regra não-válida para S. purpurea e S. psittacina, que devem ser plantadas no centro do vaso).
Substrato: o ideal é composto por areia grossa e musgo Sphagnum na proporção 1:1. Vermiculita e perlita podem ser adicionadas ao substrato, mas em proporções menores, como musgo:areia:vermiculita em 2:2:1.
Regas: deve-se manter um prato com água sob o vaso sempre. Durante o inverno, em dias muito frios, pode-se remover a água. S. purpurea e S. psittacina devem ser cultivadas com um nível de água mais elevado e devem ser eventualmente regadas por cima, para encher suas armadilhas de água.
Luz: luz solar direta. Durante a fase de crescimento (primavera e verão), o fotoperíodo deve ser o maior possível.
Clima: São plantas de clima temperado, por isso, precisam de um inverno frio de cerca de 3 meses, com fotoperíodo reduzido. Apreciam um período de primavera/verão bastante quente e úmido. Caso não tenham um inverno como o descrito, as plantas tem sua expectativa de vida bastante reduzida a poucos anos.
Fertilização: não é recomenda em hipótese alguma.
Alimentação: É totalmente desnecessária uma vez que esse é um dos gêneros mais bem sucedidos na captura de presas. Suas folhas podem capturar centenas de insetos.
Transplante: deve ser feito na primavera, quando o substrato estiver velho ou quando a planta atingir a borda do vaso. Para tal, deve-se remover todo o substrato antigo, evitando danificar as raízes.
Ciclo de vida: são plantas perenes mas, como dito acima, de clima temperado, entrando em hibernação durante o inverno, quando a produção de folhas é interrompida. Em regiões quentes o ano todo, a dormência deve ser induzida.
Floração: geralmente ocorre na primavera, quando as plantas estão voltando da hibernação. No Brasil, por estarem fora do seu ambiente, podem florescer fora de época.
Propagação: Sexuadamente: As flores devem ser polinizadas, caso contrário não produzem sementes. Geralmente, quando auto-polinizadas, produzem poucas ou nenhuma semente, mas a polinização cruzada resulta em um grande numero de sementes viáveis. Após a polinização e fertilização, o fruto demora de 3 a 5 meses para amadurecer e liberar as sementes. Semeie em substrato igual ao indicado para plantas adultas. Sementes recém coletadas geralmente germinam bem quando semeadas imediatamente, mas a taxa de germinação é sempre maior quando elas passam por um processo chamado de estratificação a frio: em um recipiente fechado, coloque substrato úmido, semeie e deixe na geladeira por 1 a 2 meses. Esse processo deve ser feito, pois, na natureza as sementes são liberadas no outono, ‘hibernam’ no inverno e só germinam na primavera. Os seedlings podem ser cultivados sem um inverno por até 3 anos e florescem após 4 ou 5 anos de idade.
Assexuadamente: as plantas podem ser reproduzidas a partir da separação de brotos laterais, que geralmente aparecem na primavera. Espere alguns meses até o broto enraizar antes de separá-lo da planta mãe.
Curiosidades:
O nome Sarracenia foi dado em homenagem ao Dr. M. S. Sarrazin, um físico canadense que enviou plantas de S. purpurea ao Dr. Tourneford, na Europa.
Segundo Juniper et al. (1989), as armadilhas podem ser divididas em 5 zonas distintas:
Zona 1 (zona atrativa). É representada pela tampa, que possui “grandes” tricomas (pêlos) voltados para baixo, muitas glândulas de néctar e uma coloração bastante chamativa, além de refletir luz UV.
Zona 2 (zona de condução). É composta pelo peristômio e uma parte abaixo dele possui tricomas voltados para baixo menores que os da zona 1. É nessa zona que se encontra a maior densidade de glândulas secretoras de néctar. Em dias de temperaturas normais e bastante úmidos, é possível observar uma camada de mucilagem nessa zona, na qual muitos insetos ficam grudados.
Zona 3 (zona glandular ou secretora). A transição da zona 2 para a 3 é abrupta, a zona 3 é caracterizada por não possuir tricomas e possuir grande quantidade de glândulas secretoras de enzimas digestivas.
Zona 4 (zona de retenção ou absortiva). Novamente, há uma mudança abrupta em relação à zona anterior. Essa zona é caracterizada por possuir tricomas longos e levemente curvados que servem para evitar que os insetos capturados fujam escalando a parede da armadilha.
Zona 5. Muitas vezes ausente, caracteriza-se por não possuir glândulas nem tricomas.
Existem diversos comensais (organismos que se aproveitam do alimento capturado por outros) que vivem nos ascídios, principalmente, de S. purpurea. Além de insetos que, durante a fase de larva, habitam o reservatório de água acumulada pela planta e se alimentam dos insetos capturados pela planta, há, também, fungos que fazem o mesmo.
Algumas fotos:
Várias Sarracenias
Flores
S. leucophylla 'red'
Sarracenia psittacina
S. rubra ssp. gulfensis
Críticas, sugestões ou complementos?
Consultar (fontes):
Juniper, B.E., Robins, R.J. & Joel, D.M. 1989. The Carnivorous Plants. Academic Press.London.
Pietropaolo, J. & Pietropaolo, P. 1986. Carnivorous Plants of the World.Timber Press. Portland, Oregon.
bacana Paulo! gostei ficou bem didático,valeu!! 
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