Editado em 21.03.2011
Este tópico foi editado para colocar os resultados também dos Experimento 2

Introdução:
Byblis liniflora é uma espécie de carnívora originária da Austrália e Nova Guiné.

Material e Métodos:
Experimento 1:
As sementes para o experimento 1 e 2 são do mesmo lote.
Em 12.02.11 foram utilizadas 7 sementes de Byblis liniflora e cada qual colocada para germinar em um pote de vidro de maionese. Cada pote continha meio de cultura conforme a seguir:
*meio I: 2 potes com meio de cultura MS.
*meio II: 5 potes com meio de cultura com metade da concentração dos sais MS adicionado de 1g/L de carvão ativado. Este meio não ficou bem solidificado. Provavelmente houve um erro no preparo.
obs: para os colegas que desejam saber mais sobre estes meios de cultura e cultura in vitro, podem procurar no FAQ do link abaixo do fórum flytrapcare.com. Lá eles possuem uma parte do fórum específica para elucidar questões relativas à cultura in vitro (está em inglês, infelizmente, mas, o tradutor do google dá uma boa mão pra quem não souber a lingua).
link:
http://www.flytrapcare.com/phpBB3/tissue-culture-faq-t1426.html
Os procedimentos foram todos realizados de maneira acéptica em câmera de fluxo laminar e as semente foram desinfectadas com água sanitária Ipê diluída a 30% por 10 minutos.
Experimento 2:
Em 05.03.11 foram utilizadas 53 sementes de Byblis liniflora distribuídas para germinar em 13 potes de vidro de maionese. Cada pote continha meio de cultura conforme a seguir:
*meio 1/2 MS (meia força MS).
Os procedimentos foram todos realizados de maneira acéptica em câmera de fluxo laminar e as semente foram desinfectadas com água sanitária Ipê diluída a 10% por 10 minutos (não a 30% como no experimento 1).

Resultados:
Experimento 1:
Apenas uma semente germinou até agora (imagens a seguir). A taxa de germinação foi de 14%. Esta semente estava em um dos 5 meios número II e verifiquei germinação dia 12.03.11, ou seja, exatamente um mês depois.
esta foto está embaçada, mas, dá pra ter idéia de escala:
para ver a foto em tamano maior clique no link:
http://www.flickr.com/photos/59030416@N06/5525998666/

esta foto está mais nítida, porém, sem escala:
para ver a foto em tamano maior clique no link:
http://www.flickr.com/photos/59030416@N06/5525998070/in/photostream/

Experimento 2:
Das 53 sementes inoculadas germinaram 7 (taxa de germinação de 13%). Desta vez as sementes germinaram em duas semanas ao invés de 1 mês como anteriormente (experimento 1).

Discussão:
Comparando o experimento 1 com o 2. Obtivemos taxas de germinação muito parecidas. Apesar de uma análise estatística não ter sido feita, parece que não deve haver diferença estatística entre estas duas realidades no quesito quantidade de sementes germinadas. De tal forma que a composição dos meios e a maneira como foi feita a assepsia das sementes não interferiu na taxa de germinação.
Houve diferença de tempo de germinação do experimento 2 em comparação com o 1. O experimento 2 mostrou germinação mais precoce (duas semanas antes). Podem ser que mais sementes venham ainda a germinar. caso mais sementes germinem eu posto aqui. O que há de maior diferença entre o experimento 1 e o 2 é que no primeiro usou-se hipoclorito Ipê a 30% e no 2 a 10%.
Podemos concluir que hipoclorito Ipê a 10% por 10 minutos é suficiente para a assepsia e obter taxa de contaminação zero para esta espécie. Parece que o uso de uma concentração menor de hipoclorito de sódio antecipou a germinação, mas, não posso afirmar isto.
Não podemos tirar muitas conclusões do experimento 1, pois, não sei o porque o meio não solidificou completamente (não fui eu quem preparei e a moça que preparou sumiu... é uma longa estória... rs).
Pelo que tenho lido de amigos estrangeiros que conseguiram sucesso na germinação in vitro o meio MS com 1/3 da força (ou seja, os sais originados diluídos à sua terceira parte já são suficientes). O meio MS precisa de Nitratos para ser produzido e você só o consegue se tiver uma autorização especial do exército.
O companheiro Roberto R tem tentado fazer algo um pouco mais caseiro e se ele obtiver bons resultados com fertilizantes comerciais possibilitará que qualquer companheiro do fórum que não possua estes nitratos especiais possa realizar o procedimento. Eu não possuo experiência alguma com essa metodologia caseira.
Acesso ao tópico da tentativa do colega Roberto R:
http://www.plantascarnivorasbr.com/forum/viewtopic.php?f=11&t=6127&hilit=bugiganga
Provavelmente no fórum internacional que citei deva haver companheiros que conseguiram êxito através de experimentação usando adubos comerciais.
A baixa taxa de germinação obtida por mim pode ser derivada do uso de uma concentração grande de hipoclorito utilizado. Há relatos de colegas que usam apenas 10% de concentração por 2 a 4 minutos. Tudo isso deve ser testado adequadamente. mas, também pode ser que algumas outras sementes ainda comecem a germinar...
Outros experimentos estão em andamento e se eu obtiver resultados posto aqui para vocês.
Alguns colegas como Adilson Peres, Carlos Rohrbacher, Felipe e Fhvporto têm me auxiliado com doação de sementes. Espero poder realizar novos experimentos e obter êxito com estas sementes doadas.
A cultura in vitro pode ser importante, pois, se eu conseguir fazer esta semente germinada se desenvolver bastante poderei clonar esta planta e fazer centenas e até milhares de exemplares de uma mesma planta. A Byblis liniflora, até onde eu sei, não é uma planta de difícil cultivo, mas, existem outras carnívora de difícil germinação e algumas variedades que não são possíveis obter por sementes, apenas por clonagem.
Estou iniciando este estudo e no futuro espero poder clonar plantas a partir de tecidos vegetais tais como folhas, caules, hastes florais, etc. Esta com certeza será uma grande caminhada, mas, toda grande caminhada se inicia com o primeiro passo.
Qualquer um que queira se desenvolver em cultura in vitro precisa ler bastante, inclusive em inglês e estudar bastante também, ou seja, necessita paixão. Porém, iniciar no cultivo e fazer procedimentos básicos, pode ser bem simples e realizado em ambiente caseiro. Do mesmo modo dá pra fazer um mini-foguete em casa com garrafa Pet e dá pra fazer um mega foguete na NASA, tudo depende do que você quer para si.
Quem quiser auxiliar enviando sementes e não for fazer falta ou mesmo causar transtorno para si eu agradeço bastante.
Um grande abraço.
Obrigado.
Cleber
*quem quiser me add no msn: micropropagador@hotmail.com

Bem interessante rapaz,

esse tópico vai ficar entre os meus favoritos pois considero um desafio tão
grande ou maior que o cultivo de algumas plantas incomuns. Produzir um meio
estéril onde se pode fazer mudas por divisão é algo que pretendo tentar
também. Por enqunto acompanho as tuas experiências.
Chegou a ver o tópico que postei na tua apresentação? Fiquei impressionado
com o 'empilhamento' de potinhos de plástico ...
... ainda mais com o que havia dentro deles. Com iniciativas como a tua pode-
remos nos tornar cada vez menos dependentes do exterior. Hoje ainda depen-
demos de estrangeiros para obter plantas nacionais.
Para ter viabilidade seria interessante investir nos tecidos, em especial de
nepenthes, cephalotus e variedades de dionaea pois me parece que são as
plantas mais difíceis de encontrar e de cultivo mais tranquilo. Helis tem alto
valor mas são poucos os que as conseguiriam desenvolver com sucesso ...
... assim que você desenvolver procedimentos bem sucedidos com tecidos eu
corto as plantas para te enviar (D. graomogolensis, D. graminifolia, ceph, helis,
dionaeas e etc).

Bom, nos mantenha atualizados.

Um abraço.

Fazia tempo que não olhava aquele tópico Carlos. Vou voltar lá e dar uma olhada.
Aqueles potinhos plásticos são realmente impressionantes! Eu gostaria muito de tê-los, mas, no Brasil ainda não achei deles...Como devem ser autoclaváveis devem ser caros...Plástico autoclavável, em geral, é carinho... Eu uso pote de maionese é o que eu achei de melhor custo/benefício.
Muito obrigado pelo incentivo! E eu espero o mesmo que você Carlos!
abraço!

você já tentou esse meio de cultura?
Hyponex(3g) + açucar( 30g) + agua de coco( 100ml) + agar-agar(12g) / 1litro e agua
Tem me dado bons resutados com Nepenthes, Dionaeas, Cephalotus e Sarracenias.
Não testei com Byblis ou Droseras pois elas nos fornecem muitas sementes e acredito que não precisam ser propagadas in vitro.
Uso Quiboa a 12% por 10 min para esterilizar as sementes.
A germinação das Byblis é complicado, ela precisa passar por um estress tipo alta temperatura antes de germinar. Tem gente que coloca as sementes em agua a 60°C antes de semear. Eu já as coloco primeiro ao sol do meio dia(60 ~70°C) antes de passar para a ala de germinação e isso tem funcionado bem.
Podemos trocar muitas experiencias juntos. Trabalhei com cultura de tecido no Japão por 4 anos.
O meu mestrado foi propagação de alho por cultura de tecido.
Abraços,

Nooossa Marco! Que sensacional estas informações que você tá me dando! Não encontrei essas informações em lugar nenhum!
Vou testar isso que você me falou!
Obrigado!

Você pode deixar as sementes de Byblis na solução de água sanitária (10%) até perderem totalmente a cor (demora mais ou menos umas 5 horas, mas é bom ficar de olho). Esse tratamento (clarificação) tem um efeito muito positivo na germinação.

Muito bom ver o trabalho ja começando, Krebs.

Como o Carlos disse, existem plantas que são pouco disponíveis para os cultivadores do brasil e por isso trabalhar com clonagem seria muito interessante (e provavlemente renderia artigos e teses interessantes sobre a sistematização do processo). Mas eu penso que a propagação de sementes de droseras é importante também. Com certeza as espécies muito comuns não necessitam, mas espécies estrangeiras ou Brasileiras mais raras seriam mais beneficiadas com a propagação in vitro e posterior cultivo.

Ian eu li sobre este processo de clarificação, mas, fiquei com medo de matar o embrião. Tem coisas que dá um medo de fazer! rs
Li uma mensagem de um gringo que fez essa clarificação e disse que as sementes começam a germinar em 12 horas.
Você já fez?

É isso aí Adilson! Vamos em frente! Faz tempo que não o vejo meu caro!

Um abração camaradas!

Os companheiros estão em ajudando tanto come estas idéias que acho que antes mesmo de germinar o próximo lote de sementes colocarei um tópico para discutir o melhor método, pois, estas informações que estão me dando são muito valiosas.
Um grande abraço!

Já fiz sim e deu certo, só não foi uma explosão de germinação, germinaram algumas erraticamente (das não tratadas não germinou nenhuma).

Pode fazer sem medo, nessa diluição não causa danos, mas não deixe mais que o necessário (tipo esquecer de um dia para o outro, rs).

Um abraço!