
Droseras, utricularias e genlisea na Serra do Quirirí-SC
Olá pessoas,
no penúltimo final de semana (05 e 06 de novembro) retornei aos campos de altitude da Serra do Quirirí, em Garuva, Santa Catarina. Desta vez quem partilhou comigo essa experiência foi o Felipe, aqui no fórum com nickname de Felipe_Pinho.
A missão auto-atribuída foi de herborizar duas espécies que faltaram na visita ao local que fiz com o Fernando Rivadavia, em 2006. Na outra visita feita em 2009 com o Flavio Beilke não fizemos herbários, apenas procuramos e achamos a furtiva
Genlisea aurea. Além da
Genlisea aurea era necessário herborizar a
Drosera montana var. montana, a qual eu havia encontrado na mesma serra, mas em outro município de nome Campo Alegre, vizinho a Garuva.
Somente dois dos quatro integrantes que participariam da expedição puderam ir até o local naquele final-de-semana, culpa das atribuições inesperadas de mestrado que o Flavio teve que cumprir. Bem na verdade iríamos a Rio do Sul (SC) verificar uma nova população de
Drosera ascendens, mas devido à destruição ocorrida com as cheias naquela região resolvemos tentar algo mais próximo e planejar uma ida a Rio do Sul em outro momento.
Mesmo sob a desconfiança dos familiares de viajar para um lugar ermo com alguém que não se conhece pessoalmente, só pela internet (não tentem isso em casa crianças), o Felipe foi de Curitiba até a rodoviária de Garuva, onde nos encontramos e rumamos até o pé da serra. Após preencher as fichas que indicavam se precisaríamos de resgate (nome, número da placa do carro, data de retorno, ...) já era meio tarde, seriam ao menos 17 Km até parara para acampar, cerca de 13 Km de subida em meio à Floresta Atlântica em trilha com trechos bem ruins dada a inclinação e aos deslizamentos.
A primeira parada, de fato, para ver PCs foi em uma cachoeira que eu já conhecia de outras vezes (sexta fez que fui a essa serra) ... ... mesmo antes de saber que sobre as suas pedras crescia uma graciosa colônia de pequenas
Utricularia reniformis.

[img]imagem%20de%20U.%20reniformis%20da%20cachoeira[/img]
Nas três visitas a essa cachoeira, ao longo de cinco anos, verifiquei que as folhas de U. reniformis não mudaram muito de tamanho, menores que uma moeda de um centavo. Além de herbário coletei alguns 'spares' para verificar em cultivo se é de fato uma forma diminuta de U. reniformis que cresce a apenas 682 metros de altitude ou trata-se de uma outra questão, mais ambiental. Uma coleta que realizei em Campo Alegre anos antes manteve folhas pequenas, mas infelizmente não apareceram flores para comprovar que é uma forma pequena de U. reniformis, pode ser um indivíduo jovem desenvolvendo-se muito lentamente. A coleta feita pelo Adilson em Airuoca (MG) comprovou que existem plantas menores, com folhas 1/3 menores que a planta típica que vemos em cultivo
U. reniformis 'small leaf' de Airuoca-MG.
Após mais algumas horas de caminhada, quando as bromélias já estavam crescendo a nossa volta e não sobre as nossas cabeças, vimos outras plantas carnívoras. Primeiro as
Drosera ascendens com folhas novas de primavera e hastes florais a desenrolar.

Também vimos
Utricularia tridentada em cores próximas ao rosa, diferentes das plantas de cor mais próxima do violeta que eu havia visto naquela serra em anos anteriores. Talvez seja algo sazonal pois nunca havia subido essa serra em novembro. Na dúvida levei para cultivo para verificar se a cor é algo estável sob as mesmas condições de cultivo das outras ‘violeta’.
