Olá Pessoal.
Antes de compartilhar a minha última "Aventura PCfila", quero me desculpar pela minha longa ausência.
O trabalho tem consumido boa parte do meu tempo de ócio, permitindo apenas consultas rápidas no fórum, principalmente nesta sala maravilhosa, sempre cheia de descobertas e lindos cenários naturais.
Neste último final de semana, para comemorar o primeiro dia de férias, combinei com 4 alunas uma pescaria de tucunarés com finalidade científica. Como a turma mais velha (não em idade) do fórum sabe, sou ictiólogo e as minhas caças às PCs são consequências de meus trabalhos de campo, para coleta de peixes em ambientes variados.
Estas alunas trabalham com peixes em laboratório, investigando aspectos anatômicos, fisiológicos e ecológicos (dieta principalmente) das espécies de tucunarés introduzidos na bacia hidrográfica do Alto Rio Paraná.
Mas, como "peixe vive na água", acredito que um aluno em formação deve conhecer o organismo alvo de sua atividade no campo, em seu habitat, mesmo que isso contribua pouco na sua pesquisa específica. O aluno também deve conhecer a metodologia de captura e preparação, além de detalhes da estrutura morfológica com finalidade de diferenciar taxonomicamente a sua espécie de outras semelhantes.
Digo isso, pois estou cansado de ver pesquisadores que trabalham com a "baba da membrana da mitocôndria da célula do fígado" de uma espécie "X", mas que diante de um exemplar desta espécie, ele não tem a menor idéia de que organismo se trata, ou onde ele vive, ou o que ele come.
Bom, dito isto, vamos ao que interessa.
O local de coleta é conhecido como Vale do Engano, um ribeirão hoje parcialmente inundado pelas águas da Usina Hidrelétrica de Mascarenhas de Moraes (ou Usina de Peixoto, como é conhecida localmente). O Ribeirão do Engano nasce na região Sudoeste da Serra da Canastra, no município de Delfinópolis, MG.
Vista do alto da Serra da Canastra da foz do Ribeirão do Engano com o Rio Grande, hoje inundado pelas águas da Usina de Peixoto.

Como nesta pescaria "peixe no anzol" foi só a isca mesmo, resolvemos explorar um pouco a área em busca de outras maravilhas.

Resolvemos subir o Rib. do Engano até a base da Serra, onde ele corre em meio a grandes cânions (em vermelho na foto).

Ponte sobre o Rib. do Engano marca a entrada dos cânions.

Interior do vale, marcado por paredões íngremes e inacessíveis à pé.

Os paredões são bem secos, sendo a vegetação marcada por elementos "xerofitos".

Mas em uma área dos paredões minava água. A minha intuição gritou... PCs!!!

O local é inacessível sem equipamento de escalada por terra e o desembarque imposível.

Mas mesmo do barco era possível avistar rosetinhas vermelhas nas rochas.

Vista da área.

Eram droseras e mais droseras (
Drosera tomentosa em início de floração).

Elas cresciam em toda a área úmida, mesmo nas mais sombreadas.

E estavam bem protegidas, não apenas pelos paredões, mas por inúmeros vespeiros.

Elas não estavam sozinhas, tinha
Genlisea violacea.

Mais uma foto.

E tinha uma outra planta que me lembrou uma bromélia carnívora, fora as utriculárias que não consegui fotografar, pois eram minúsculas e estavam bem longe.

Em toda a margem do Rib. do Engano crescia uma plantinha conhecida como Cruz-de-Malta (
Ludwigia cf.
peploides) que da uma flor amarela. Eu olhava de longe e pensava: "Mas esta flor tá muito pequena para ser da
Ludwigia!!!"

E não era
Ludwigia não. Era
Utricularia foliosa (acho que é isso, vou esperar a confirmação dos experts).

Detalhe da flor e fruto.

Então foi isso Pessoal. Apenas algumas plantinhas para relembrar os velhos tempos.
Espero voltar em breve com outras contribuições.
Abraços,
Alex Melo - ALAMelo