
D.cayennensis em Mocajuba / Igarapé-Miri, Pará
Olá pessoal,
Graças ao nosso colega Pedro Emidio de Fortaleza, fiquei sabendo de uma descoberta muito interessante de D.cayennensis realizada recentemente por pesquisadores do Museu Emilio Goeldi do Pará. Aliás, não tinha como não ficar sabendo eventualmente pois os caras parecem ser mto bons de marketing, hehehe! Encontrei um monte de artigos praticamente iguais, como estes 3 abaixo:
http://www.museu-goeldi.br/sobre/NOTICI ... 2009c.htmlhttp://www.agrosoft.org.br/agropag/211684.htmhttp://www2.uol.com.br/sciam/noticias/e ... _para.htmlVejam q nos 1os dois links acima q a foto é de D.cayennensis mesmo, mas no 3o link é uma foto de D.hirtella var.hirtella nos arredores de Brasília. E vi outro onde a foto era de D.spatulata.
Até hj eu só conhecia um lugar no Pará onde ocorria D.cayennensis, próximo à cidade de Vigia. Agora sabemos q existe um 2o local perto das cidades de Mocajuba e Igarapé-Miri. O ambiente descrito parece ser similar: "ilhas" arenosas com vegetação de cerrado em meio a floresta tropical. Em Vigia, além de D.cayennensis encontrei tbm uma Genlisea q possivelmente é uma espécie nova parecida com G.pygmaea, U.simulans, U.nana, U.subulata, e o que parece ser uma pequena forma de U.tricolor (ou pode ser tbm uma espécie nova).
Em ambientes parecidos de restinga no litoral do Pará (Marapanim, Ilha do Algodoal, etc.) ocorrem as mesmas Utrics e G.sp., mas D.cayennensis é substituida por D.sessilifolia. Todos estes ambientes sofrem mto com a época de seca (+- de setembro a fevereiro) e por isso geralmente sao anuais ou conseguem rebrotar das raízes quando as chuvas voltam.
Vejam na foto do Google Earth abaixo onde ficam estas cidades em relação a Belém:

Fiquei mto surpreso q eles identificaram D.cayennensis corretamente, pois não é facil com todos os sinônimos que tem rodando por ai (D.pumila, D.colombiana, D.sanariapoana, D.panamensis). Ao tentar achar os e-mails desses pesquisadores citados (para poder contactá-los), encontrei outro artigo mto interessante sobre as restingas do Pará e Amapá:
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php? ... pt&nrm=isoEncontrei uma frase interessante neste artigo:
Citação:
O período chuvoso coincide com a floração de Utricularia amesthystina, Utricularia fimbriata e Utricularia subulata, cujas florações de um amarelo vistoso destacam-se na paisagem, caracterizando um aspecto particular para a formação.
As identificações não estão perfeitas, mas próximas o suficiente... U.fimbriata é na verdade U.simulans e U.amethystina é a tal possivel espécie nova mais parecida com uma pequena U.tricolor. No final do artigo tem uma tabela com as espécies encontradas, inclusive as PCs. Vejam os recortes abaixo:



Interessante ver que todas estas PCs foram coletadas nas regioes 5 e 6 (Praia do Crispim/Marapanim e Ilhas de Algodoal/Maiandeua/Maracanã), regiões q eu tive várias oportunidades de explorar e por isso conheço bem o q cresce por lá. As identificações não estao perfeitas, mas mto próximas p/ as Lents, valendo os mesmos comentários feitos acima e tbm o fato de U.longeciliata tbm ser na verdade U.simulans.
Já as dróseras... D.tenella é um velho sinônimo de D.esmeraldae e D.capillaris, mas como esse grupo ainda não foi bem resolvido taxonomicamente, eu não vou entrar em detalhes e considerarei estas duas coletas como pertencendo à mesma espécie. O único problema é: qual espécie? Eu não duvido q possa haver D.capillaris no litoral do Pará e Amapá, mas como explorei bem essas regiões e vi apenas D.sessilifolia, acho mais provavel q a pessoa q identificou não entendia nada de Drosera e errou grosseiramente -- será q era a Tânia???

Escorre, veneno, hahaha!
E finalmente, abaixo está o artigo completo de um daqueles 3 links no início, pra quem quiser ler aqui mesmo.
Abs, Fernando Rivadavia
Pesquisadores detectam ocorrência de espécie rara de planta insetívoraEm levantamento de novas áreas para a conservação da biodiversidade,
equipe do Goeldi verificou a ocorrência no Nordeste do Pará
Agência Museu Goeldi - Durante expedição aos municípios de Mocajuba e Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, os pesquisadores do Goeldi, Leandro Ferreira, Samuel Almeida e Luiz Carlos Lobato, observaram ocorrência de uma espécie de planta insetívora na região, cientificamente conhecida como Drosera cayennensis Sagot. Ex Diels..
A espécie é popularmente conhecida como uma planta carnívora e pode ser encontrada em vegetações abertas, como campinas, cerrados, campos de altitude. Segundo Leandro Ferreira, da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE) da instituição, o termo apropriado para esta planta é insetívora. “Ela tem pêlos recobertos com uma substância viscosa, usada para atrair e prender insetos que servem para sua alimentação, explica o pesquisador”.
Além disso, a descoberta da planta Drosera cayennensis Sagot. Ex Diels na região é importante para reforçar a necessidade da preservação dessas vegetações no Pará. “Isto será possível por meio da criação de novas unidades de conservação que será proposto aos gestores públicos, por nós do Museu Goeldi”, complementa o pesquisador Leandro Ferreira.
Os pesquisadores foram às cidades de Mocajuba e Igarapé-Miri para realizar inventários sobre a vegetação dos cerrados e campinas no leste do Pará. Estes inventários fazem parte do Projeto Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Leste e Calha Norte realizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi em parceria com a Secretaria Especial de Projetos Especiais (SEPE) do Estado do Pará.
Outras expedições já foram realizadas em alguns municípios do Pará com o objetivo de conhecer mais sobre os tipos de vegetações abertos no estado para subsidiar a criação de novas unidades de conservação. Durante as visitas aos municípios de Mocajuba e Igarapé-Miri, os pesquisadores constataram que a região está se deteriorando devido à intensa retirada de areia e seixo para a construção civil.
Segundo o pesquisador Samuel Almeida, da Coordenação de Botânica do Goeldi, a situação da vegetação de cerrados e campinas no Estado é preocupante. As vegetações que ocorrem em solo submetido a inundações periódicas, já foram, segundo Almeida, “completamente destruídas em outras regiões do Estado”, como no distrito de Mosqueiro e no município da Vigia.